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Pesquisa Análise Setorial PHCFOCO

AS Vetores e Pragas

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Setor, Perfil, Instituições

Expectativa ABCVP

ANÁLISE /EPA

ABCVP – Associação Brasileira dos Controladores de Vetores e Pragas

Por Claudio Zindel Salem

Presidente

 

Não considero apropriado iniciar um documento descrevendo peculiaridades de sua redação. Faço-o, entretanto, porque reconheço, e espero que o leitor reconheça também, que, neste caso, o exercício é didático em relação ao conteúdo que pretendo abordar.

Além de a escolha entre abordar o futuro sob uma ótica pessimista ou otimista, escolhendo um cenário conjuntural futuro melhor ou pior, existe pelo menos mais uma escolha a ser feita ao se iniciar um exercício de perspectiva de longo prazo, qualquer que seja a matéria em questão:

1.       Adotando a máxima de que o futuro é, essencialmente, a repetição do passado, podemos realizar um estudo das ocorrências passadas, analisar as projeções das tendências daquilo que já vêem ocorrendo nos últimos tempos e, com certa acuidade, entender o que virá no futuro, ou;

2.       Podemos entender onde estamos hoje e onde queremos estar no futuro, estabelecer os passos que precisaremos dar para este objetivo e, num planejamento temporal, podemos, de forma realística, estimar em que posição estaremos em 2010.

A diferença entre a primeira e a segunda poderia ser simplificada com as seguintes perguntas:

-          Onde estaremos em 2010? Mais explicitamente, para aonde seremos levados?

-          Aonde queremos ir? Aonde queremos e podemos estar?

 

Ou ainda: estamos dirigindo nosso setor ou são apenas as tendências e conjunturas que estão nos dirigindo?

É evidente que queremos dirigir o nosso destino, mas será que podemos ou sabemos fazer isso?

Entendo que seja didática esta questão porque ela explicita alguns dos principais problemas do setor, necessários a quem quer dirigir seu próprio futuro!

1.       Somos fortes o suficiente pra dirigir o nosso futuro?

2.       Somos organizados o suficiente para dirigir o nosso futuro?

3.       Sabemos que futuro é esse?

4.       Esse desejo é comum à maioria?

Orgulho-me de conhecer um pouco esse mercado no Brasil e em alguns países através de minha atuação profissional de dez anos no segmento. Orgulho-me mais ainda de ter ouvido com atenção pessoas que estão nele há muito mais tempo do que eu. Mesmo assim, não me arriscaria a dizer que domino as respostas dessas quatro perguntas. Segue, portanto, apenas um humilde palpite.

Entendo que força é uma grandeza relativa. Nosso setor já provou ser forte para alguns desafios, mas, certamente, não para todos. Uma das principais forças do setor é seu aspecto de saúde pública, ainda, muito pouco explorado. Esse aspecto nos coloca como item de primeira necessidade e nos dá tremenda visibilidade. Ainda mais porque estamos num país que constantemente tem que provar politicamente a outros países que é salubre. Poderíamos ser mais fortes ainda se explorássemos fortemente este aspecto, mas força sem organização não é suficiente.

Enquanto nos sobra força, organização é nosso ponto mais fraco. É evidente que melhoramos muito nesse aspecto nos últimos anos, e credito isso ao esforço do associativismo, particularmente ao esforço de algumas pessoas que ainda carecem de reconhecimento (mas, não é esse o espaço para analisar isso).

Cerca de seis mil empresas no setor, e menos de 10% delas associadas, estão participando de seu futuro ativamente. Com associações pequenas e somente em alguns Estados e discordâncias entre associados e associações e entre associações e associações, mesmo dentro de um mesmo Estado, não podemos ousar concluir que somos organizados.

Ora, se não somos organizados, certamente, não compartilhamos a mesma visão de futuro, o que se dirá, então, de objetivos, estratégias e táticas. Certamente, não lutaremos unidos por muito tempo. Isso responde de uma vez só às duas questões restantes.

Mais, ainda, somos fortes, porém não organizados. Somos uma boa oportunidade para pequenos desastres ou para oportunismos. Assim, realisticamente, falando, talvez fosse mais prático simplesmente avaliar as tendências passadas e concluir o que teremos nos próximos cinco anos:

-          O setor (mercado oficial) como um todo deve crescer levemente, correndo o risco até de crescer abaixo da inflação oficial e. seguramente. abaixo do crescimento médio do mercado de serviços no país.

-          As margens do setor devem continuar a diminuir, embora em ritmo menor do que no passado, o que significa que, embora. o mercado não cresça muito em faturamento, as oportunidades não vão parar de aparecer, mas serão oportunidades cada vez menos atrativas.

-          As empresas médias serão empurradas ou para aumentar seu faturamento e, assim, manter a sua lucratividade absoluta, ou para se incorporar às empresas maiores, ou para algum tipo de associação comercial entre pequenas empresas ou compartilhamento de marca (como já vimos em outros paises), ou ainda para fora do mercado oficial (sonegação).

-          Não obstante a isso, o chamado nível técnico das empresas deve subir e as empresas mais técnicas devem crescer mais do que as outras.

-          As empresas pequenas e “não técnicas”, na sua maioria vão permanecer pequenas, obedecendo ao usual turn-over (fecha uma e abre outra), podendo aumentar levemente em número e em localidades.

-          Novos e grandes players podem entrar no mercado, impondo grande força financeira sobre as médias empresas e deslocando em grandes movimentos as margens para baixo.

-          Empresas ilegais e/ou sonegadoras, desde que atuando em pequenos nichos, vão se manter ou até aumentar em quantidade e em faturamento global.

Se lhe pareceu muito negativo pense realisticamente no que aconteceu no seu negócio nos últimos anos e, depois, atente para essa outra escolha:

 

-          Sentir e lamentar o aspecto sombrio destas perspectivas.

-          Ou atuar ativamente na alteração desta rota!

 

Nos últimos anos, várias associações regionais se organizaram e buscaram melhorar o ambiente de negócios do setor. Alguns fóruns de discussão foram criados localmente e nacionalmente também. Mesmo reconhecendo que isso só aconteceu pelo enorme esforço de algumas pessoas (as mesmas que citei anteriormente), conseguimos fechar uma proposta global e solicitar um projeto de lei regulamentando do setor. Não fui o mentor disso, o projeto já estava adiantado quando assumi a ABCVP, mas me orgulho muito da pequena contribuição que pude dar. Falta muito ainda para fazer, mesmo em relação ao projeto de lei, ele ainda nem foi redigido, mas o primeiro passo foi dado. Fomos ouvidos enquanto setor pelo Congresso Nacional e uma porta de regulamentação do setor se abriu para nós.

O fato é que hoje a unificação de objetivos no setor é muito mais clara do que há cinco anos. Mas, é fato, também, que, ainda, não podemos dizer que somos um setor que, alem de forte, é unido e organizado.

A proposta de unificação nacional das associações com a criação da Feprag é a uma proposta de identificação nacional do setor. É preciso entender que nenhuma pessoa ou empresa é forte o suficiente para ditar o mercado. Mais que isso, talvez nenhuma associação é forte, mesmo aquelas que regionalmente pretendem uma influencia nacional.

Existe hoje uma proposta de federação nacional, compreendendo não mais associações regionais e sim escritórios regionais, dentro da mesma ótica nacional. Essa federação teria condições de promover mudanças efetivas no setor, utilizando sua força nacional, sem deixar de atender a anseios locais também muito importantes. É claro que essa ótica nacional seria o consenso das, não mais associações e sim, representações regionais.

Atualmente esse projeto está em andamento e muitos criticam a eventual perda de identidade regional no processo. É um risco, mas eu entendo que a identidade regional é mantida no mesmo conceito de representatividade que hoje legitima nossas ações perante nossos associados. Outros criticam a morosidade com que o projeto tem sido conduzido. Eu perguntaria se seria possível ir mais rápido antes de ter o absoluto consenso nacional sobre o assunto e, fundamentalmente, antes de ter o sistema de custeio do projeto definido. Noutras palavras: o projeto existe, é bom, mas ainda carece de apoio e apoio também significa dinheiro.

Bem para encerar, não finalizaria esse exercício sem antes traçar o que vejo de possível e positivo para o nosso mercado até 2010:

1.       Consenso nacional sobre necessidades do setor definido e 100% apoiado por todos.

2.       Feprag constituída e representada e se fazendo representar por todas as regiões brasileiras.

3.       Projeto diretor da Feprag em andamento e com participação ativa de todas as regiões.

4.       Discussões regionais sobre esse Projeto Diretor e fóruns regionais sobre problemas regionais.

5.       Escritórios regionais trabalhando nesse atendimento local dos associados e lidando com os setores regionais (governo e instituições privadas) no interesse do setor, dentro da mesma ótica nacional da Feprag.

6.       Regras para a entrada e fiscalização dos atuais e novos players no mercado.

7.       Projetos nacionais e regionais de criação de demanda.

8.       Projetos nacionais e regionais de preservação de margem.

9.       Projetos nacionais e regionais de melhoria de imagem setorial.

10.   Apoio do associativismo na determinação das regras nacionais e regionais e na fiscalização delas também.

O restante vai advir naturalmente, pois temos excelentes cérebros no setor e somos intrinsecamente fortes. O que nos falta é tão somente organização. Dela vai advir conhecimento, soluções e atitudes. É isso o que podemos criar para 2010! Você está a fim?

 

 DATA DE ATUALIZAÇÃO: 15/03/2008

 

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